Larissa Lago destaca papel da geologia na luta antirracista durante congresso no Nordeste

Pesquisadora do Instituto GeoAtlantico apresentou trabalho sobre geodiversidade em territórios negros no V COPENE-NE, em Salvador.

A pesquisadora Larissa Lago, pós-doutoranda pela PUC-Rio e integrante do Instituto GeoAtlantico (IGA), participou entre os dias 3 e 7 de novembro do V Congresso de Pesquisadores(as) Negros(as) do Nordeste (V COPENE-NE), realizado em Salvador (BA). O evento, que teve como tema “Malês 190 anos: Legado Ancestral e a Continuidade das Lutas”, reuniu pesquisadores de diversas áreas para discutir a produção científica negra no Brasil.

Durante o congresso, Larissa integrou a Sessão Temática 7, onde apresentou o trabalho Geodiversidade em territórios negros: como o ensino de geologia pode contribuir na luta antirracista”, desenvolvido em parceria com a geóloga Marize Muniz, também pesquisadora do IGA.

Representando o Instituto, Larissa destacou a importância de participar do evento e reafirmar o protagonismo de cientistas negros na geologia.

“Foi muito importante mostrar que nós, pessoas negras na área da geologia, também estamos produzindo ciência e pensando em formas de lutar contra o racismo dentro da nossa profissão”, afirmou.

O trabalho apresentado propõe uma reflexão sobre o papel da geologia no enfrentamento do racismo estrutural e na valorização de territórios e comunidades negras. 

“A geologia ainda é uma ciência que se apresenta de forma neutra, mas meu trabalho demonstra que é possível produzir conhecimento de maneira a contribuir para a luta antirracista”, explicou Larissa.

Ela ressalta que a divulgação científica tem papel fundamental na democratização do saber e na valorização de histórias silenciadas.

“Ao colocar territórios negros e a população negra no centro dessa divulgação, consigo trazer luz a pessoas e histórias historicamente negligenciadas”, completou.

Além da apresentação, Larissa participou de atividades formativas durante o congresso, que ampliaram o escopo de sua pesquisa de pós-doutorado.

“Participei de um curso sobre divulgação científica antirracista, um tema ainda pouco discutido no Sudeste, mas já consolidado no Nordeste”, contou.

A pesquisadora destacou que a troca de experiências com profissionais de outras áreas, como química, biologia e física, foi essencial para fortalecer sua atuação em pesquisas realizadas em comunidades quilombolas.

“Aprendi muito sobre como modificar a condição de exclusão que nós, mulheres negras, vivemos no fazer científico, e sobre como ajudar meninas negras a se verem nesse espaço”, disse.

Para Larissa, o congresso reafirmou a importância de construir uma ciência mais diversa e comprometida com a transformação social.

“O ensino e a divulgação científica podem ser ferramentas poderosas para fortalecer a identidade de jovens e futuros profissionais”, concluiu.

Renata Correia – Jornalista

Informações para imprensa: institutogeoatlantico1@gmail.com